sábado, 17 de maio de 2008

Projeto de coleta seletiva recebe recursos federais - Uberlândia MG

Gislene Tiago
Repórter
Jornal Correio de Uberlândia

Uberlândia dá mais um passo em direção à consolidação de uma cultura ambiental em que todo o lixo produzido seja separado e tenha um destino correto. A cidade acaba de ser contemplada com um recurso do Ministério das Cidades para a construção de dois galpões de triagem e compra de equipamentos para coleta seletiva com inclusão de catadores. O valor de R$ 627.961,17 vai viabilizar duas unidades nos moldes do sistema implantado numa parceria entre a Prefeitura e a Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos (Arca), no bairro Daniel Fonseca.

De acordo com o secretário municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Cláudio Guedes de Oliveira, no dia 19 será realizada uma videoconferência com o Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e todas as cidades do País que foram contempladas com recursos para esse fim. Na reunião serão repassados os trâmites e etapas do processo até a chegada do recurso. “Estamos avaliando dentre as oito áreas que temos disponíveis onde serão instalados os dois galpões e acreditamos que outras organizações de catadores serão integradas ao sistema”, disse Cláudio Guedes.

No total, o projeto do Município prevê a necessidade de oito a 10 galpões em diversos pontos da cidade. A idéia é fazer uma rede de coleta, em que o Município seja dividido em setores. Em cada setor serão instalados barracões de recebimento do material reciclado. Destes pontos, o material coletado será convergido a uma unidade central. “Isso viabiliza a integração de catadores que residem em todas as partes da cidade no sistema e a localização dos barracões não criaria dissabor entre a população”, afirmou o secretário ao acrescentar que, desta forma, o catador não andaria mais que 1,5 mil metros empurrando o carrinho cheio de material reciclável.

Cláudio Guedes acredita que esse modelo é o ideal, mas exige maior tempo e preparo, principalmente das organizações de catadores para executá-lo. “Não fazemos coleta seletiva porque é bonito, mas porque é ambientalmente correto e socialmente importante porque gera renda para os catadores, mas também precisa ser economicamente sustentável, por isso o projeto fica inviável se executado por inteiro e deficitário em infra-estrutura”, afirmou.

O recurso liberado deve ser utilizado na construção de dois galpões e compra dos maquinários utilizados para prensar e triturar o material, carrinho para transporte, mesas separadoras e baias de seleção, balanças para pesar o material, fardadeiras, além de uniforme padronizado para os catadores. “Isso favorece a indústria que adquire o material como
matéria-prima e até o valoriza ao ser vendido”, disse o assessor de projetos da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Francisco Mauro Rodrigues Pinto.

Apoio à profissionalização

De acordo com o secretário municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Cláudio Guedes de Oliveira, o modelo de coleta seletiva em implantação no Município não só impulsiona as associações de catadores da cidade a evoluírem administrativamente como organização, como também no profissionalismo dos catadores, que passam a ser agentes de transformação da cultura ambiental. “Não é simplesmente catar o lixo, mas saber selecionar esse lixo, porque ele será matéria-prima para a indústria.”

O secretário disse que o nível técnico e operacional que chegou à Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos (Arca) deverá ser ampliado e copiado pelas demais organizações. “Com eles, nós não temos aquele problema de sujeira na porta das pessoas, pois retiram aquilo que vai ser transformado em matéria-prima sem deixar outros materiais esparramados na porta da casa das pessoas”, afirmou, ao dizer que o modelo pensado para o Município é atrativo para as indústrias de processamento de material reciclado que estão em sua maioria instaladas no Rio de Janeiro e São Paulo.

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