As intempéries climáticas têm causado estranheza até mesmo aos especialistas no assunto. De 5ª feira até as 15h de ontem foram registrados pelo Laboratório de Climatologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um volume de 156,4 milímetros de chuva, o que pelo calendário está muito acima da normalidade. “Não é normal chover tanto nessa época”, afirmou o geógrafo Gustavo Barbosa. Os reflexos dessa inconstância puderam ser constatados durante o fim de semana em vários pontos de Uberlândia.
Torcedores que foram ao Parque do Sabiá ontem pela manhã tiveram os veículos, estacionados na parte baixa do pátio, arrastados pela forte correnteza. Prejuízos também em alguns bairros da cidade. Para a dona de casa Almerinda Maria Santos, residente no bairro Morada da Colina, a chuva que caiu ontem foi a pior dos últimos meses, já que o estrago em sua casa e nos vizinhos foi grande. “Eu nem tenho mais lágrimas para chorar, mais uma vez, perdi móveis, eletrodomésticos, roupas e mantimentos e não há ninguém para ressarcir tantos prejuízos”, lamentou.
Ela contou que, pouco tempo após começar a chuva, que durou cerca de 40 minutos, ouviu um forte barulho parecido com uma explosão. Imediatamente sua casa foi tomada pela enxurrada, que alcançou em segundos todos os cômodos. A dona de casa se refugiou em cima do tanque e gritava desesperada. Foi socorrida pelos vizinhos. Passado o susto, Almerinda se deu conta do que tinha acontecido. Pela terceira vez, o muro dos fundos de sua residência foi destruído pela força das águas.
O administrador de empresas Daniel Biasi também teve o muro de trás da residência totalmente arrasado e afirmou que perdeu máquina de lavar, geladeira, furadeira e outros aparelhos eletrônicos.
O cozinheiro Jaime Humberto Marcelino Machado, marido de Almerinda, passou o dia tentando remover a lama que invadiu sua casa e avançou até o meio da rua. Ele ressaltou que há muito descaso das autoridades em relação aos problemas estruturais no bairro. “Não é a primeira vez que a gente perde quase tudo por conta de chuva. Pago meus impostos em dia, inclusive o IPTU e não vejo retorno”, salientou.
No aeroporto, 30 metros da mureta foram ao chão, contudo os reparos na estrutura foram iniciados ontem mesmo.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, coronel Ademar Araújo, não houve feridos nem desabrigados com as chuvas de ontem. Até o início da noite, a Defesa Civil não havia feito a avaliação dos estragos no bairro Morada da Colina, apenas nos locais de alagamentos.
Estação seca
De acordo com o geógrafo Gustavo Barbosa, a estação seca do cerrado deveria ter começado na 1ª quinzena de março, entretanto o que se vê na prática é o oposto. E quem mais sofre com isso são os moradores da cidade. O geógrafo ressaltou que, apesar do índice pluviométrico de ontem ter ficado abaixo da média considerada para temporais, é importante saber que em outros pontos da cidade o volume pode ter sido bem maior.
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