terça-feira, 2 de setembro de 2008

Como funciona a poluição de interiores

O ar que respiramos deixa muito a desejar. Usinas de energia acionadas a carvão emitem dióxido de carbono (CO2), carretas gigantescas lançam gases imundos de escapamento e vacas adicionam metano à mistura. Em muitos lugares, basta olhar pela janela e ver a poluição para desistir de sair.


Mas o que existe do lado de dentro pode ser ainda pior. A poluição atmosférica de interiores - ou degradação da qualidade do ar em ambientes fechados - por produtos químicos prejudiciais e outros materiais, pode ser até 10 vezes pior do que a poluição do ar externa [fonte: Dunn (em inglês)]. Isso acontece porque as áreas contaminadas permitem que os poluentes se acumulem em concentração maior do que seria possível em um ambiente aberto. É fácil visualizar o processo: basta imaginar jogar um litro de petróleo no mar ou jogá-lo em sua banheira. O petróleo no oceano se dissiparia e seria diluído pelo imenso volume da água. O mesmo volume de petróleo na banheira persistiria porque não tem para onde ir. O mesmo acontece com poluentes liberados em ambientes pequenos e fechados, como sua casa ou escritório.
Você pode acreditar que a poluição atmosférica de interiores não o atinge. Afinal, você não vive perto de rodovias, fazendas ou fábricas. Você não fuma, nem usa um fogão a lenha. Mas a poluição de interiores vem de alguns lugares em que você normalmente não pensaria, como sua casa, o terreno no qual ela está assentada ou itens cotidianos adquiridos no supermercado. Além disso, se você considerar que as pessoas passam 90% de seu tempo em ambientes fechados e 65% dentro de suas casas, verá porque a poluição atmosférica de interiores é uma questão importante [fonte: Dunn].
Alguns dos efeitos colaterais causados pela poluição atmosférica de interiores são um pouco piores que um resfriado, mas exposição em longo prazo pode levar a coma, câncer pulmonar e morte.

As causas da poluição atmosférica de interiores

Formol, PCB e amianto são substâncias que você não quer ver associadas ao espaço em que vive. As chances são de que você venha a encontrar pelo menos um desses produtos químicos em sua casa a cada dia. Caso não, mesmo assim não se considere seguro. Os poluentes de interiores podem ser liberados em alta concentração ou surtos curtos, como quando uma pessoa usa tinta spray, ou em níveis mais modestos ao longo do tempo, como os produtos químicos que escapam de seu carpete.

Tanto o formol quanto o bifenil policlorinatado (PCB) mencionados acima são encontrados em produtos domésticos comuns. O PCB teve sua produção suspensa nos Estados Unidos em 1970, mas persiste em revestimentos de cabos elétricos, vedações, tintas e acabamentos para pisos de madeira. O amianto, outra fonte de poluição atmosférica de interiores, teve seu uso mais amplo proibido, mas persiste em casas mais antigas, materiais de isolamento, tintas texturizadas e lajotas de assoalho.

O formol é amplamente usado por setores que fabricam materiais de construção e produtos domiciliares. Sua presença é mais comum em produtos de madeira prensada usados como bases de piso, prateleiras e na fabricação de mobília, ainda que esteja presente também em tecidos que dispensam o uso de ferro elétrico, em adesivos e em tintas.

Vamos observar a seguir algumas das demais causas de poluição atmosférica de interiores e determinar de onde se originam.

  • Radônio - muitas vezes encontrado no leito rochoso que assenta uma casa e em materiais de construção.

  • Fumaça ambiental de tabaco - a combinação de fumaça (em inglês) emitida por um cigarro, cachimbo ou charuto aceso e de fumaça exalada pelo fumante.

  • Contaminantes biológicos - bactérias, mofo, umidade, vírus, resíduos de pêlos de animais, ácaros, baratas e pólen. Vários deles crescem em ambientes úmidos e quentes, ou são trazidos de fora da casa.

  • Combustão - aquecedores a gás sem ventilação, lareiras, fogões a lenha e fogões a gás emitem monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e pequenas partículas. Mais de três bilhões de pessoas no mundo continuam a depender de combustíveis sólidos como a madeira e o carvão para atender às suas necessidades de energia [fonte: Organização Mundial de Saúde (em inglês)].

  • Produtos domésticos - tintas, vernizes e produtos de limpeza contêm produtos químicos orgânicos liberados durante o uso e a armazenagem.

  • Pesticidas - 80% da exposição da maioria das pessoas a pesticidas acontece em ambientes fechados. Níveis mensuráveis de até 12 pesticidas já foram medidos no ar interior [fonte: EPA (em inglês)].

O potencial de causar danos de qualquer um desses poluentes depende, em parte, da sensibilidade de cada pessoa. Os idosos, os jovens e os que sofrem de sistemas imunológicos deficientes tendem a ser mais suscetíveis. A ventilação também desempenha um papel na maneira pela qual esses poluentes podem prejudicar as pessoas. Caso haja ar fresco em freqüente circulação pela área, eles não terão tanto tempo para se acumular e atingir níveis perigosos. Retornando à analogia da banheira, a ventilação equivale a drenar lentamente a água oleosa da banheira e substituí-la por água limpa - o óleo se torna problema cada vez menor. Mas se a pessoa mantiver o ralo tampado e não agir, as marcas na banheira serão horríveis. Infelizmente, muitos dos edifícios mais novos e mais eficientes em termos energéticos são praticamente selados ao ar natural - exatamente como uma banheira com o ralo tampado.

Fonte: www.uol.com.br

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