segunda-feira, 5 de maio de 2008

Comportamento. Até onde chegamos!

Conexão cortada. Ser obrigado pelos pais a ficar trancado no quarto há tempos não é mais uma punição; resultado, surgem os terríveis e "injustos" neocastigos.

Existem limites para tudo. Mas, se disserem que dar algumas palmadas resolvem, ah! Isso sim resolve. Hoje notamos que a educação está tão desprovida de respeito, que alguns adolescentes se acham na obrigação de cobrarem seus direitos. Muito bem, até pode ser, mas quem paga as necessidades desse adolescente?
Eurípedes Marccos

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ficar trancado no quarto é castigo? Só se for no século passado. Afinal, em tempos de internet, iPod e celular, o mundo todo está ao alcance dos adolescentes dentro do quarto. Resultado: os pais estão se adaptando e criando novas formas de repreender seus filhos. Guilherme Octávio Elói de Melo, 12, sabe muito bem o que é isso. Ele já teve que ficar semanas longe do videogame, do computador e até da câmera digital. "Quando eu respondo malcriado para minha mãe, ela proíbe as coisas que eu mais gosto." Para ele, o pior de tudo é ficar sem computador. "Minha casa fica longe da escola; meus amigos normalmente não podem vir aqui", conta. "Por isso, nós jogamos on-line e ficamos no MSN. Quando estou de castigo, fico isolado." Tomás de Sampaio Góes Martins Costa, 15, já chegou a ficar dois meses sem jogar no PC por ter tirado notas baixas. "Tive que agüentar até passar na recuperação", reclama. "O Orkut e o MSN eles liberaram para não terem uma surpresa ruim com a conta de telefone." Na casa de Eduardo Kiel, 13, a punição passa pela TV a cabo. "Sempre que faço algo errado, meus pais não me deixam ver meus canais preferidos", diz. "Só me deixam assistir History Channel." Para ele, o método é injusto. "Mas, se fosse com meu irmão, eu diria que foi justo." Bruna Diniz Knoepfelmacher, 13, é mais taxativa em sua posição quanto à injustiça de castigos desse tipo. "Esse não é um jeito de eles nos educarem", diz. "Não vou fazer isso com meus filhos, mesmo se eles passarem dos limites." Os pais da estudante costumam proibi-la de usar o iPod, o computador ou de ver televisão por algum tempo quando ela briga muito com os irmãos. No caso dela, ficar longe do Orkut é a pior parte. "Quando isso acontece, ligo para as minhas amigas e peço para elas entraram na minha página e lerem todos os meus scraps para mim", diz. "As mais próximas têm até a minha senha." Felipe Diniz Knoepfelmacher, 15, irmão de Bruna, concorda que o Orkut é o que mais faz falta. Como a irmã, ele apela para os amigos para saber como está sua página de recados. Apesar disso, Felipe garante que hoje depende menos do PC do que antes. "Prefiro passar o dia tocando violão ou guitarra", diz. "O problema é que eu preciso da internet para pegar as cifras", lamenta.
Fonte : Folha de São Paulo

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